excesso do uso de redes sociais

Real pelo virtual: quando o uso das redes sociais e videogames pode ser um problema? 

Bem-estar

Seja para ficar por dentro das notícias, assistir a séries e filmes, fazer compras online ou rir de memes na internet. Fato é que o Brasileiro aparece em 2º lugar no ranking dos principais países classificados pelo tempo médio diário gasto usando redes sociais, segundo o levantamento do Centro de Expertise Setorial em Telecom, Plataformas e Serviços do eMarketer. São 144 milhões de usuários conectados numa média de 3 horas e 46 minutos por dia. 

Além das redes sociais, há outra fatia que passa o tempo livre no mundo virtual dos videogames. Um estudo realizado pelo Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo (USP) com quase 4 mil adolescentes entre 12 e 14 anos, revelou um dado preocupante: 85% deles jogam videogame e 28% fazem uso excessivo de jogos on-line.  

Para o psiquiatra Renato Silva, para conclusões mais assertivas, ainda há muito o que se estudar a respeito do quão nocivo pode ser esse excesso por parte dos adolescentes. Há pesquisas que sugerem que o uso de jogos eletrônicos pode gerar benefícios relacionados a diferentes tipos de atenção, a capacidade de orientação espacial e até mesmo ao desenvolvimento de habilidades tanto cognitivas quanto motoras.

“Em contraponto, outros autores sugerem que muitos dos usuários que fazem uso excessivo de videogames e internet apresentam formas exacerbadas de vulnerabilidade pessoal. Por exemplo, uma baixa tolerância à frustração, ansiedade social, e problemas relacionados à autoestima. Ademais, eles pontuam que esses recursos eletrônicos podem se tornar uma forma de diminuição do estresse e do medo da vida real, onde encontram maior satisfação”, pondera. 

Para ele, é nesse sentido que os dados sobre o uso de redes sociais e videogames no Brasil podem revelar um problema. “O uso excessivo de redes sociais e videogames pode trazer prejuízos para a saúde mental das pessoas, quando ela deixa de fazer atividades consideradas importantes, como a alimentação, sono, estudos, trabalho, socialização para ficar nas redes sociais ou no videogame. É necessário, nesse contexto, avaliar não somente o tempo gasto na internet, mas o padrão desadaptativo do uso”, aponta o psiquiatra.  

Redes sociais e transtornos mentais

Renato ainda ressalta que também existe uma possível relação entre a dependência da internet e transtornos mentais como depressão, transtorno bipolar e de deficit de atenção e hiperatividade. “Porém, ainda não se sabe afirmar se a dependência da internet e ou redes sociais precede esses transtornos ou é uma consequência deles”, explica o psiquiatra.  

Segundo o médico, é necessário que sejam realizadas mais pesquisas sobre a dependência em jogos eletrônicos e redes sociais. Dessa forma, pesquisadores vão compreender melhor as características clínicas, os fatores de risco e proteção, a relação com outros transtornos mentais e as bases neurobiológicas associadas a esse comportamento.

“Em relação ao tempo de uso seguro, uma questão importante é avaliar e ficar alerta se o uso da internet, videogame ou redes sociais está causando, por exemplo, a diminuição dos períodos de sono, disfunções na alimentação, prejuízos nas interações sociais ou mesmo piora do rendimento acadêmico ou no trabalho”, finaliza. 

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