A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta semana o medicamento Alecensa para tratar câncer de pulmão em estágio inicial. O remédio já era usado em casos avançados da doença.
De acordo com uma pesquisa publicada em abril, o Alecensa mostrou ser capaz de reduzir o risco de recorrência da doença ou morte em 76% dos pacientes com câncer de pulmão em fase inicial. O estudo, disponível no The New England Journal of Medicine, foi realizado cm 27 países, com 257 pacientes. Os pesquisadores avaliaram a eficácia e segurança do alectinibe (molécula que compõe o Alecensa) em comparação à quimioterapia baseada em platina. Após três anos de tratamento, nove em cada dez pacientes alcançaram a remissão da doença.
Michelle França, líder médica da farmacêutica responsável pelo desenvolvimento do Alecensa, diz que “o alectinibe é o primeiro inibidor de ALK aprovado para pessoas com câncer de pulmão não pequenas células em estágio inicial, que foram submetidas à cirurgia para remover o tumor. Atualmente, após a cirurgia, esse tipo de câncer é tratado com quimioterapia, mas em muitos casos, infelizmente, a doença regressa, se espalhando para outras partes do corpo”.
O Alecensa é oral e já tem aprovação em mais de 100 países como primeira ou segunda linha de tratamento do câncer de pulmão ALK-positivo em estágio avançado ou de metástase. O remédio ainda não foi incorporado no Sistema Único de Saúde (SUS), mas a farmacêutica resposável informou que deve fazer o pedido futuramente.
Câncer de pulmão
O câncer de pulmão é um tumor maligno que se desenvolve quando há um crescimento anormal e descontrolado de células nos tecidos pulmonares. Pode se manifestar de forma lenta, sem causar sintomas visíveis, o que dificulta o diagnóstico.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), esta é a quarta neoplasia mais incidente no Brasil e a que apresenta maior índice de morte. Aproximadamente 85% dos pacientes diagnosticados com a doença são do tipo não pequenas células. Destes, cerca de 5% são jovens, sem histórico de tabagismo, e apresentam mutação do gene ALK.